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segunda-feira, outubro 16, 2006

A importância da graduação na pós-graduação: breve análise

Essa explanação visa proporcionar uma visão-de-mundo questionável como qualquer outra. Isso significa que a opinião explorada advém da parcialidade de uma experiência de vida refletida, logo outras possibilidade considerativas abrem-se no horizonte da própria vida e da experiência de cada indivíduo, pois cada pessoa possui sua própria experiência capaz de refletir e atingir diferentes conclusões igualmente válidas.

α

Atualmente para se fazer a análise de qualquer objeto, são necessárias considerações sobre a situação conjuntural do mundo-da-vida, dos simples aos mais complexos acontecimentos e aspectos. A partir desse perscrutar se estruturará o aporte teórico atualizado do conhecimento do objeto que se quer apreender. Então o ato de indagar surge como uma das principais ações do sujeito conhecedor, não basta mais a simples observação e descrição dos fenômenos a dúvida sempre “questionante” deve acompanhá-lo em seu percurso investigatório. É a ação crítica, durante a empreitada esclarecedora, que matizará o resultado de predicativos atuais e consistentes, já que ultrapassaram barreiras cognitivas questionadoras de sua consistência e veracidade. A contemporaneidade se faz desta forma, “questionante” de sua própria condição (e de hipotéticas condições), pois sem paradigmas fixamente determinados (como na modernidade) exige do sujeito conhecedor movimentos estratégicos para evitar equívocos provocados por falsos dados e avaliações ilusórias; portanto, terá melhor visão-de-mundo aquele que, de certa maneira, se localiza estrategicamente numa posição inquiridora.
A descrença nos preceitos da modernidade provocou a radicalização da complexificação conjuntural da vida; ou melhor, o que era considerado certo e determinado pelo conhecimento moderno passou a ser tratado como desconhecido e indeterminado. Os problemas considerados controlados (ou plenamente conhecidos), não se mostram tão dóceis quanto antes. E para tentar se reestruturar diante dessa nova perspectiva contemporânea, o Homem tenta fugir dos antiquados métodos erguidos a partir da instituição da modernidade. Por isso que, na tentativa de ultrapassar o considerado moderno, se denomina a atualidade – pelo menos alguns autores – de pós-modernidade. A questão da nomenclatura, por enquanto, é despicienda, o relevante é constatar a importância das modificações ocorridas no pensamento moderno, justamente pela ruptura de alguns aspectos (considerados plenamente conhecidos) que causam a complexificação da vida social em suas constituições e relações, e compreender o fundamento da mudança. Portanto, o objeto em que o Homem focaliza sua atenção deve ser tratado de maneira diferente do que era costume e as regras de tratamento metodológico para o efetivo conhecimento do objeto a ser analisado.
Na utilização de outros esquemas metodológicos surge uma importante questão: o conhecimento contido em uma disciplina se restringe aos esquemas mentais dela ou deve transcender e aportar nas demais disciplinas? Aí está a discussão da inter- e transdisciplinariedade. A validade dos prefixos agregados na palavra disciplinariedade dá o tom da discussão, ainda, há o problema delimitativo dos respectivos reais significados. Sem o consenso que só o passar do tempo instaurará, o importante é reconhecer a imprescindibilidade, por parte do pesquisador, d’um mínimo de conhecimento de diversas disciplinas que incidem sobre o objeto pesquisado, nisto, prima fatie, está a inter- e a trans-disciplinariedade; o que realmente as distinguirá será a maneira de tratar a pesquisa. A interdisciplinariedade trabalha com uma variedade disciplina, mas respeita, sem quebrar as fronteiras de cada uma consultada, ou seja, recolhe o conhecimento de cada uma e constrói as conexões entre as informações formando uma totalidade unitária de fragmentos distintos. A transdisciplinariedade também se envolve com diversas disciplinas, no entanto ela busca quebrar fronteiras, transpassá-las em seus limites de conhecimento; também se forma uma unidade entre as informações recebidas. Essa unificação busca trazer algo de novo, de novidade através da junção dos fragmentos recolhidos quando do transcurso do pesquisador em sua análise. Por isso entende-se que a utilização desses esquemas metodológicos pluridisciplinares satisfazem a busca da compreensão da complexidade mundanal, logo devido à dilatação do raio da compreensão humana.

β

Essas considerações devem ser levadas em conta nos momentos de relevar a postura de ensino, de aprendizagem e de pesquisa desenvolvida em qualquer área do conhecimento. A base da educação se localiza na primeira fase do descobrimento do mundo na família e após através da educação escolar de nível básico. Na estrutura escolar o sujeito adquirirá as aptidões fundantes do edifício que logo adiante será erguido. Por óbvio o oferecimento de uma estrutura de qualidade significará uma maior eficiência nas respostas do sujeito cognoscente perante as indagações feitas pelo mundo-da-vida. Ao chegar na faculdade, ou seja, na graduação o sujeito será portador do conhecimento geral necessário para entender o que se passa ao seu redor. Então será na Graduação o momento de especificar, em uma área do conhecimento, o seu aporte teórico com a finalidade de qualificação à uma profissão exigente da prerrogativa de lidar com uma realidade mais detalhada. Então os cursos de graduações, em todas as áreas, devem ser estruturados de maneira a proporcionar os mecanismos necessários para uma formação do aluno capacitadora para enfrentar as problemáticas atuais e as que irão surgir. Logo o receptor do conhecimento deve adquirir a habilidade de lidar com o novo, com o desconhecido e com as informações que surgem incessantemente, uma autonomia favorecerá, logo após a conclusão do curso, que ele possa guiar-se com segurança na conquista de novos patamares do saber.
O discernimento, a crítica e a autonomia são as principais características de um profissional que pretende se manter sempre atualizado e ciente da sua posição na sociedade, conduta profissional e pessoal. O profissional valorizado é aquele que contribui com seu trabalho para o desenvolvimento da coletividade com novidades. A capacidade de discernimento fornece uma visão mais clara do certo ou do errado, do plausível ou do não-plausível, do falso ou do verdadeiro, do viável ou do inviável […]; a crítica subsidiará o espírito em pôr problemas que deverão ser respondidos com a intenção de aperfeiçoar o conhecimento do objeto/teoria, ou melhor, é um elemento que atribui movimento ao ato do conhecer que dever estar sempre presente; por fim, a autonomia capacitará o futuro profissional a trafegar pelas amplas estradas do conhecimento, que a cada dia cresce em larga escala; as novas teorias e informações, velozmente surgidas, serão absorvidas com maior eficiência e segurança através de um agir dinamicamente autônomo, justamente, um agir apto a processar a incorporação desse conhecimento no arsenal já constituído. Essas três características possibilitam a abertura do pensamento para recolher as informações que aparecem e selecionar as relevantes para estruturação de uma reflexão.

γ

O aluno do curso de graduação, embora com sua pouca experiência, principalmente no início do curso, deve assumir uma postura de curiosidade, ao ponto de assumir uma tarefa questionadora em relação às informações que lhe são transmitidas pelo professor, ou melhor, reconhecer que a tarefa de aprender e, até mesmo, de ensinar, não se concentra somente na performance do docente, mas na abertura crítica possibilitada pelo próprio discente. Justamente nesse ponto de recíproca, de dialética entre docente-discente se concentra uma grande modificação ocorrida na compreensão do ensino: o professor deixa de ser um mero instrumento de transferência de informações, para se posicionar como sujeito que viabiliza o acesso e construção do conhecimento.
A alteração, que isso implica, também recai no aluno que deve se pré-dispor a compartilhar com docente uma possível experiência e se tornar um ser pensante com o intuito de se comunicar com o professor, logo retirará dessa comunicação suas próprias conclusões; após deverá provar a consistência de seu compreender – nesse processo de forma autônoma. Essa relação dialética deve ser marcada por atitudes de honestidade e de ética entre ambas as partes, pois cabe aqui a assunção da responsabilidade perante o outro, reconhecendo-o um ser pensante e que possui peculiaridades, encontra-se aí alteridade compreensiva (significa o respeito pelos saber do educando e do educador). A tendência é destacar a experiência de cada sujeito nessa relação, levando em consideração a realidade distinta de cada um com seus patamares diferentes de experiência e de conhecimento, e, ainda mais, a realidade social em que o educando está inserido. Admissão disto recai na condição de ser histórico do Homem, ele nunca permanece o mesmo no decorrer do tempo, está sempre num movimento de acumulação de experiência. A base que se forma está calcada na pressuposição de que o Homem deixa de aprender quando deixa de existir, logo significa que o professor também se encontra sujeito à mudança de concepção, por óbvio o docente deve atuar de maneira aberta às críticas que por ventura surgirem contra seus argumentos, e se for o caso refutá-las ou buscar admiti-las, refletidamente, dentro dos limites de sua experiência-conhecimento. Observa-se, com isso, a troca de informações e conhecimentos entre duas realidades distintas que não se excluem, pelo contrário, devem atuar conjuntamente no objetivo maior: a busca pelo conhecimento. Logo o docente não impõe sua ideologia, mas deve mostrar aquilo que lhe parece o mais correto e suportar a opinião e ideologia de cada discente, ainda, se concentrar na demonstração de domínio do conteúdo que viabilizará o processo de avaliação.
O agregado de coisas que se impõe diante do agir, de certa maneira, autônomo do discente impõe-lhe imensas dificuldades no momento de elaborar a consistência de seu aporte teórico. No entanto, se a dificuldade no início é imensa, no futuro tende a ser reduzida pela capacitação operatória autônoma que proporcionará vias amplas na busca dos novos horizontes, fundamentalmente, quando o atual discente se defrontar sozinho, no futuro, com questionamentos que exigirão respostas atualizadas. Para cumprir essa tarefa a educação fornecida na graduação se constitui no mais importante processo de formação, mas só terá consistência se o discente assumir a responsabilidade, pelo seu aprendizado, nessa interação dialética.
Ao observar esses aspectos, e ao chegar no momento da pós-graduação, o pró-graduando perceberá o objetivo da especialização, do mestrado e do doutorado com maior capacidade de entendimento do trabalho que irá realizar; a pós-graduação, até o presente momento, tinha como característica o aperfeiçoamento da capacidade de pesquisa e coordenação de dados numa pensamento voltado, no doutorado, para a inovação. A pós-graduação exige do aluno uma maior autonomia e versatilidade em lidar com o conhecimento, ele implementará uma ação de pesquisa em diversas fontes informativas e, por isso, terá que discernir os elementos relevantes ao tema específico a ser trabalhado e aqueles que nada contribuirão. Imediatamente existe uma exigência de capacidades que numa graduação não se encontra muito abundante, a não ser em momentos como as monografias de conclusões de cursos ou quando o discente, por si mesmo, implementa uma auto-regulação de seu estudo e começa a buscar outras bases; a figura do orientador serve apenas, como a palavra expressa, para orientar sobre o andamento do trabalho, da pesquisa e das possibilidades da abordagem-coerência do tema escolhido. Ao enfrentar a estrutura de pós-graduações o estudante que estiver ciente de sua capacidade de autonomia levará vantagem e otimizará seu trabalho frente ao tempo e diante de seu orientador.
A pós-graduação é um momento de auto-aperfeiçoamento, também de contribuições prático-teóricas para a comunidade acadêmica e para a sociedade em geral. Por isso se exige uma responsabilidade diferenciada no tratante a elaboração dos trabalhos, terão que conter uma diversidade de requisitos: referências bibliográficas, especifica formatação, análise e coerência crítico-científica. Além disso a honestidade em deixar claro qual é o pensamento do autor e aqueles que são oriundos da pesquisa de diversos autores.