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quinta-feira, setembro 07, 2006

Nós Precisamos de Ideologia para Viver?

Uma nova época está para nascer: o Presidente, eleito e pessoas esperançosas quanto ao futuro do Brasil; um avanço na democracia brasileira foi obtido, pois um homem advindo da classe operária conquista a cadeira mais cobiçada, do mundo político, desta nação; um exemplo brasileiro acaba de ser legado ao mundo, o que deve ser motivo de orgulho para todos nós. Além deste fato, constatou-se, no último pleito (e pode-se repetir novamente) uma grande indecisão política dos partidos, por sua falta de posição ideológica, o que nos faz questionar: qual matiz terá o novo governo? Será de esquerda, direita, centro, centro-esquerda, centro-direita, extrema-esquerda ou extrema-direita? Difícil resposta para aqueles que acompanharam, desde o princípio das negociações partidárias, as eleições passadas, e que ainda acompanharam a constituição dos cargos governamentais pelo novo Presidente. Há algum tempo passado era clara a posição partidária: de direita ou esquerda, ou, ainda, de variações destas. Havia pontos de vista que identificavam uma e outra, facilitada pela fixação de uma posição frente o regime militar. Mas, hodiernamente não há mais distinções a serem feitas. Os discursos se entrelaçam, principalmente nos partidos de maior expressão política no cenário nacional e as propostas se confundem até o momento da assunção ao poder. A fala ideal passa a ser escandida, com toda a precisão de um tecnocrata. E, ao fim, viu-se dois partidos, organicamente opostos, um conhecidamente de direita e o outro de esquerda, unindo-se na disputa política e sagrando-se vencedores. Por conseqüência dividirão o poder. A emoção da última campanha é coisa do passado e agora a realidade vem à tona. Não se pode, por isso, mais diferenciar o que é direita ou esquerda. Idéias que antes faziam parte da direita migraram para esquerda, e a recíproca é verdadeira. A busca, vemos, concentra-se na conquista do poder e as promessas procuram agradar a todos os seguimentos sociais. Isto, porém, talvez seja o melhor, pois um governo não pode deixar de atender as necessidades de seus governados. Além disso, a falta de caracterização do candidato com o partido contribui no enfraquecimento da política partidária e, por conseqüência, a posição ideológica do partido fica coberta pela figura do homem, do político. Acredito que, no futuro, a diferenciação entre direita/esquerda não existirá. Ficará na história da política. No entanto, surgirão outros pontos, e novas denominações, que distinguirão as propostas e tomadas de posição partidária. Fica aqui os dizeres contidos na contracapa da edição brasileira do livro Direita e Esquerda – Razões e significados de uma distinção política de Norberto Bobbio: “Direita e esquerda ainda existem? E se existem ainda, e estão em campo, como se pode dizer que perderam completamente o significado? E se ainda têm um significado, qual é ele?” Eu daria a seguinte resposta ao título deste opúsculo: não é necessário defender a direita ou à esquerda, mas possuir suas próprias convicções políticas. O bom e o ruim, o certo e o errado, cabem a cada um valorar. Resta, em verdade, apenas esperar, torcer e fazer, cada um, a sua parte, para que o atual presidente tenha sucesso e alcance suas metas políticas. O desenvolvimento do Brasil, justo e perfeito dentro dos limites humanos, é mais importante do que qualquer distinção entre direita e esquerda.
Autor: Guilherme Camargo Massaú. Texto publicado no Meio Norte, v. 2914, 28 dez. 2002.