pensarpensando

Algo a se pensar pensando...

Nome:
Local: Pelotas, RS, Brazil

quinta-feira, outubro 05, 2006

O falso ou o verdadeiro patriotismo

Na época de Copa do Mundo, momento em que a nação brasileira volta-se para a demonstração de seu amor à pátria diante das demais torcidas do mundo, o sentimento de patriotismo é invocado com a razão daqueles que se julgam os melhores do mundo. Esbanjam uma fé exacerbada em diversas crenças, até mesmo unem-se pela mesma causa, a torcida pela conquista da taça tão cobiçada. Por acaso, se a seleção brasileira alcança seu objetivo, a autoridade máxima, o Presidente da República, recebe os selecionados campeões para medalhá-los com os louros da honra brasileira. Nação feliz, satisfeita com o resultado da seleção. No mesmo ano, ocorre outro fato importante, as eleições para Presidente, Senadores, Deputados Federais, Governadores e Deputados Estatuais; processo de suma importância, pois, a partir daí, será selecionada a equipe que governará a Nação, atuará em prol do desenvolvimento indivíduo-social de cada cidadão brasileiro, mas não somente em 90 minutos, sim durante 4 anos. Quatro anos determinantes do destino das pessoas envolvidas nesse processo. Com isso, o nacionalismo reside no empenho de torcer pela seleção, mas fundamentalmente em contribuir com o esforço para tornar a Nação um lugar que possibilite o alcance da plenitude do ser humano.
É importante distinguir aqueles que lutam pela taça daqueles que buscam construir um país melhor para todos. Por muito que o jogador de futebol vista as cores da “pátria mãe gentil”, não deve representar o heroísmo encarnado, ao contrário, os heróis de uma Nação estão localizados em sua estrutura basilar, ou melhor, são aqueles que dia após dia trabalham com seriedade para moldar a si próprios e para construir, e manter, da melhor forma possível, as estruturas sociais do Estado. Lógico, como paixão nacional, o futebol deve ser objeto de atenção e, de certa forma, os jogadores devem receber a admiração e respeito de seus fãs, no entanto, torná-los heróis do bem-estar nacional seria transportar a realidade da causa e conseqüência para outro plano que não o terrestre. Noventa minutos de uma partida de futebol não são suficientes para estruturar qualquer aparelho estatal e dotá-lo de competência fundadora de um mínimo de bem-estar social. Apenas servem para recrear e distrair as pessoas que, na eventualidade de sua vida cotidiana, têm esse esporte como paixão.
A encarnação do patriotismo heróico está naqueles cidadãos que buscam efetivar suas atividades de maneira a favorecer a melhora da sociedade em que estão inseridos. É justamente aquele cidadão que, de poucos recursos, utiliza-os de maneira equilibrada visando ao bem comum; que tenta levar aos mais necessitados o pouco que pode e elevar os indivíduos às condições favoráveis. De exemplos assim o Brasil está repleto, principalmente, nos setores mais humildes da sociedade. Para demonstrar um patriotismo verdadeiro, bastam respeitar o seu co-cidadão, observar as leis, tratar o conjunto patrimonial público com o devido respeito e zelo; enfim, contribuir para um ambiente saudável que seja propício para o desenvolvimento do indivíduo e da coletividade. São essas pessoas que deveriam ser medalhadas pelo Presidente; que deveriam servir de exemplo.
O patriotismo encontra-se nas ações denotadoras de amor à “pátria mãe gentil”, um amor incondicional que busca o bem geral, a resolução de problemas relacionados às áreas básicas, a solidariedade com o próximo, o zelo com o patrimônio público e com o particular do co-cidadão. Consiste em defender a cultura, em preservar a história viva na memória de seu povo, em cultivar a pluralidade cultural que perpassa o Brasil de norte a sul e de leste ao oeste, em defender, e exigir, educação, saúde e infra-estrutura básica de saneamento, e melhores condições de vida. Em suma, retira-se dessas mal traçadas linhas o que seria o verdadeiro ou o falso patriotismo. Refletir sobre isso significa pensar na própria atuação prática do patriotismo. Que cada um retire suas conclusões.

Autor: Guilherme Massaú (3 de Outubro de 2006)