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sexta-feira, setembro 08, 2006

SOLIDARIEDADE BRASILEIRA?

Nos últimos tempos o Brasil vem sendo assolado por uma enxurrada de notícias desagradáveis como e principalmente a corrupção no governo e as falcatruas fiscais de empresários. Está-se, então, a falar de dinheiro. Pois essa corrupção não deve-se a desvio de alimento para aqueles que precisam e nem sonegação de impostos (taxas) daqueles que não tem como manter a sua casa financiada na periferia das cidades. Pode-se concluir – de pronto – que se trata do envolvimento de grande volume pecuniário. Não há como negar!
Mas, o interessante nisso tudo é, justamente, a desídia como se tratam os assuntos de responsabilidades financeiras seja por parte do setor público ou, também, do privado para com o público. Isso contribui a construir mais uma grande “pizzaria” na Capital do Brasil, como se não bastasse as tantas que já existem. Há de se levar em conta, nessa fartura de “pizza” os milhões de brasileiros que sonham em ter, no mínimo três refeições diárias. Mas para esses esfomeados, outros que tem apenas duas refeições ao dia cedem a terceira como uma forma de solidariedade; essa solidariedade orgulha aqueles brasileiros que se emocionam, sinceramente, em ver a bandeira nacional tremulando nas hastes do mundo inteiro, orgulha aqueles que são identificados como brasileiros donos da alegria, do futebol, da capoeira, do voleibol, do samba, das praias, da feijoada e de tudo aquilo de bom advindo das cores “verdade e amarelo”. Essa solidariedade matiza-se pela construção de um país melhor com possibilidades de bem-estar e bem-viver a todos (uma pátria “mãe gentil”), um país multicultural que atualmente não tem a melhor qualidade de vida do Mundo devido a outra solidariedade.
Essa outra solidariedade, pode-se chamar de negativa, tem haver com a conclusão inicial; uma solidariedade marcadamente desestruturadora de uma nação que vislumbra um futuro com melhores condições para seus “filhos”. A desilusória situação instalada no país, atualmente – mas que de atualmente só mudaram as personagens –, conduz a uma constatação deprimente para quem é “brasileiramente” verdadeiro; essa constatação, basicamente, consiste nessa solidariedade as avessas, ou melhor, nota-se no cenário instalado um movimento de rechaçam da busca dos criminosos econômicos, como se o fato de depauperar os cofres públicos, seja de que maneira for, não fosse crime. Isso é tratado pela solidariedade negativa como um insulto aqueles que religiosamente pagão impostos. Bonito seria se a mesma convergência de forças fosse para abrandar a fome, ou seja, para estruturar e organizar um país melhor.
O relevante nisso tudo se constata na inversão caracterisadora do brasileiro além fronteiras; além do Carnaval o brasileiro – pelo menos devido a essa classe elitista – tem a fama de solidário; bom seria se fosse a primeira solidariedade abordada, mas é justamente a negativa que está em evidência, nesse momento. É justamente com o título desse opúsculo (Brasilianische Solidarität) que o jornal Alemão Frankfurter Rundschau (do dia 23 de julho de 2005) publicou uma matéria a respeito do caso Daslu. O escrito concentrava-se na solidariedade empregada contra a acusação e, juntamente, frisava a desigualdade social existente no país. Não se quer com isso valorizar ou desvalorizar a imagem brasileira através de notícias divulgadas pela imprensa estrangeira. O relevante está na conjugação do título com os fatos e denúncias correntes. A problemática encontra-se nessa solidariedade negativa e na constatação da coerência entre o título e o conteúdo do texto. Parece que a palavra solidariedade marcou-se pela relação custo/beneficio, ou melhor, quanto maior for o valor envolvido maior a solidariedade. Pergunto: é por essa solidariedade que o brasileiro quer ser adjetivado?

Autor: Guilherme Camargo Massaú